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O que é Crítica de Rodapé?

A origem

A crítica impressionista surge no Brasil, de forma mais categórica, no final da década de 10 do século XX. Um de seus primeiros e mais relevantes representantes, é Alceu de Amoroso Lima (o Tristão de Athaíde). Em 1919, Amoroso Lima inicia de forma sistemática suas atividades de crítico literário, em O jornal, onde realiza uma certa “vigília” da produção literária do movimento modernista. Uma das principais características dessa crítica, era a busca do equilíbrio entre a análise crítico-reflexiva, de viés judicativo, e a forma literária, de pretensões criativas.

Esse nome, “crítica de rodapé”, surge na década de 30, de uma forma até um tanto pejorativa. Os principais jornais da época possuíam “rodapés” (um espaço um tanto quanto marginal, reservado na parte inferior de algumas páginas) fixos e escritos por críticos que passaram - grande parte deles -, após os ataques desferidos por Afrânio Coutinho, a ser conhecidos como críticos impressionistas (apesar de que nem toda crítica de rodapé pode ser classificada como impressionista e nem toda crítica impressionista era publicada nos rodapés). Alguns desses críticos e os jornais onde mantinham seus rodapés: Álvaro Lins (O jornal e Correio da Manhã); Tristão de Athaíde (O jornal); Múcio Leão (Jornal do Brasil) Sérgio Milliet (O Estado de São Paulo) Olívio Montenegro (Diário de Pernambuco). O crítico, nesse momento de nossa história da crítica literária brasileira, busca ser mais do que um simples bibliógrafo que emite opiniões superficiais sobre livros lidos. Ele agora busca ser um leitor mais capacitado, mais habilitado e que ajuda outros leitores a escolher as obras que serão lidas por eles e também a ler melhor essas obras. Entretanto, aliado a essa nova finalidade do texto crítico, mantém-se e recrudesce, na maioria dos casos, a preocupação com a escrita, com a forma e o estilo. O crítico agora, longe de possuir uma linguagem absolutamente teórica, oscilava entre a crônica literária e a análise judicativa das obras. 

Em meados da década de 40, Afrânio Coutinho publica o texto “A crítica e os rodapés”, dando início assim àquela que seria uma das mais longas, intensas e importantes polêmicas de nossa crítica literária: de um lado havia o homem de letras, o erudito, que através de um texto desprendido de metodologias rígidas e modelos teorizantes, além de repleto de veleidades literárias, buscava orientar o gosto do leitor médio, através de uma postura judicativa e avaliativa, mas sem perder o tom literário do próprio texto crítico. Do outro lado, Afrânio Coutinho, que retornava dos EUA e trazia consigo os conceitos do New Criticism, escola crítica fundada a partir dos preceitos conceituais dos autores críticos T. S. Eliot e Ezra Pound, e que tinha na análise formal seu principal fundamento. A crítica impressionista brasileira, e sua atuação através dos rodapés dos jornais, se mantém forte e influente até meados da década de 60, quando finalmente perde espaço para a crítica acadêmica (que visa um público específico e teoricamente aparelhado para compreender seus textos teóricos) e para os reviews das editoras, que buscam simplesmente apresentar a obra de forma elogiosa e resumida para o futuro comprador do livro. 

Este blog tem a modesta pretensão de buscar resgatar essa crítica impressionista, através de textos que pretendem aliar uma análise teórica compreensível ao leitor comum, a  uma impressão de leitura baseada em nosso conhecimento de mundo e sensibilidade de um leitor experiente. Tudo isso expresso em um texto que, esperamos, seja de agradável leitura. 

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